165 anos de Padre Cícero

Por Rosanna Amazonas
A cidade de Juazeiro do Norte (a 514 km de Fortaleza) comemorou no dia 24 de março último, 165 anos de Padre Cícero. Graças à figura do sacerdote, o município cearense é considerado um dos maiores centros de religiosidade popular da América Latina, atraindo milhões de romeiros todos os anos.

Em 24 de março de 1844 nascia Cícero Romão Batista, que, em 90 anos de vida — faleceu em 20 de julho de 1934 — testemunhou fatos marcantes, transformando a história de um povo. Já como Padre Cícero, foi suspenso das ordens sacerdotais e quase excomungado pela Igreja Católica, ao protagonizar o fenômeno conhecido como “Milagre de Juazeiro” (a hóstia que teria se transformado em sangue na boca da beata Maria de Araújo. O certo é que ele foi e continua sendo um personagem capaz de suscitar muitas polêmicas não só na Igreja Católica, mas, também, no meio acadêmico brasileiro.

Na cabeça do homem simples do sertão, as acusações de “coronel e fanático” transformaram-se em sua defesa. O padre estava sendo vítima da intolerância. Nascia então o “santo nordestino”, cearense, cabeça chata, com a cara do povo, trazendo no currículo a mesma história de vida de milhares de sertanejos. A imagem do Padre Cícero ainda não subiu aos altares das igrejas, mas ocupa o mesmo espaço dos santos canonizados nas feiras livres do sertão.
Hoje, 75 anos depois de sua morte, a mesma Igreja que o condenou no passado, tenta reabilitá-lo. Quando dom Fernando Panico assumiu a Diocese do Crato, em 2001, o então cardeal Ratzinger — hoje, papa Beto XVI — lhe pediu que revolvesse os arquivos e pesquisasse tudo sobre o sacerdote já canonizado pelo povo. O ponto de partida foi a formação de uma Comissão de Estudos para o Processo de Reabilitação Histórico-Eclesial do Padre Cícero Romão Batista.
No dia 30 de maio de 2006, dom Fernando entregou à Congregação para a Doutrina da Fé, em Roma, cerca de 2 mil e 500 páginas (11 volumes) e cinco anos de pesquisas, solicitando a reabilitação do sacerdote. Três anos depois da entrega do processo, pouca coisa evoluiu. Depois que os documentos ultrapassaram os muros do Vaticano, uma cortina de silêncio cobriu o assunto. Dom Fernando diz que, no próximo mês de maio, voltará à Itália, numa viagem particular e que vai tentar colher informações sobre o andamento do processo.
(Fonte: Jornal Diário do Nordeste)

Um comentário:

  1. O texto está muito grande, o que causa cansaço e desinteresse do leitor.

    ResponderExcluir